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Aqui, mamães muito diferentes mas com um único objetivo compartilham suas experiências nesta grande aventura que é a maternidade! Nós queremos, acima de tudo, ser mamães sábias, que edificam seus lares e vivem com toda plenitude o privilégio de sermos mães! Usamos muitos dos princípios ensinados pelo Nana Nenê - Gary Ezzo, assim como outros livros. Nosso objetivo é compartilhar o que aprendemos a fim de facilitar a vida das mamães! Fomos realmente abençoadas com livros (e cursos) e queremos passar isso para frente!


"Com sabedoria se constroi a casa, e com discernimento se consolida.
Pelo conhecimento os seus cômodos se enchem do que é precioso e agradável"
Prov. 24:4,5

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Parto no Brasil: a caminho da humanização - parte 1

Meninas, estou muito empolgada com o post de hoje!

Ontem encontrei meio que sem querer (prometo que não estava procurando, mas parece que sou atraída por esses assuntos) uma série de vídeos no youtube sobre um projeto super interessante que foi desenvolvido num hospital público do interior da Paraíba pela professora doutora Melania Amorim e sua equipe interdisciplinar de voluntários.

Depois de assistir às quatro partes do vídeo gravado em maio de 2009, fiquei me perguntando: Como é que se passaram mais de 3 anos e esse projeto não estourou na mídia?! E como é que eu, que sou antenada sobre esse assunto, nunca ouvi falar dele antes? Curioso. O vídeo é bem explicativo e riquíssimo em informações sobre a assistência humanizada ao parto! Eu amei, achei muito esclarecedor e acho que vocês vão gostar também, principalmente as leitoras gestantes.

Mas ATENÇÃO: antes de sair clicando no vídeo abaixo, preciso fazer uma ressalva. Se você não tem estômago para ver cenas explícitas de partos, eu aconselho-a a ir com calma. Talvez você queira ir pulando algumas partes. Depois de chegar no último vídeo, eu - que não sou da área da saúde e sou bem avessa a sangue, dor, essas coisas - fiquei bastante impressionada porque eles mostram absolutamente tudo, e em ângulos não muito agradáveis para quem não está acostumado!

Então para ajudar quem é como eu e, de repente, está com receio de "ver demais" (são muitas vaginas!), eu assisti a tudo uma 3a vez (porque a 2a eu assisti com o meu marido quando ele chegou ontem do trabalho) e vou colocar o texto para quem preferir só ler as informações!


Parte 1 - 10:03 min

Brasil
84,5% cesárias no setor privado
31% cesárias no setor público
Dados da Agência Nacional de Saúde

Campina Grande, interior da Paraíba
Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA)
65% de cesárias, incluindo gestações de alto risco
500 nascimentos por mês no modo tradicional

Projeto de Assistência Humanizada ao Parto
Trabalho Voluntário - Dra. Melania Amorim e equipe interdisciplinar

Quando eu cheguei aqui como professora de Obstetrícia, eu me vi jogada de repente num ambiente que me chocou muito: o modelo tecnocrático em sua mais elevada expressão e, além disso, a falta de uma assistência humanizada ao parto. E foi esse choque que me motivou também a tentar encontrar estratégias para a gente melhorar a atenção obstétrica em nossa cidade. Essa ideia de uma equipe interdisciplinar vem da necessidade que a gente tem também de humanizar a relação professor-aluno. A gente montou então essa equipe que é constituída por mim, como obstetra, três fisioterapeutas. Temos estudantes de medicina. É uma equipe bem dinâmica que a gente, em plantões semanais, vai lá e se propõe a seguir aqueles 10 passos da Organização Mundial da Saúde para a assistência ao trabalho de parto.

É com muito amor e alegria que a gente chega realmente àquela maternidade e vai resgatar aquelas mulheres que estavam condenadas a ter uma assistência padrão, a ter o descaso, a ter violência institucional, a não permissão do acompanhamento, o parto em posição de litotomia, etc. e aí a gente capta as mulheres. Só quem quer participar do projeto é que entra. A gente tem desenvolvido uma relação curiosa - nós, a equipe.

As Kalungas são as parteiras de um aldeamento quilombola lá em Goiás. Na tradição quilombola, o modelo de assistência ao parto é conduzido por quatro parteiras: a do buraco, a da banda, a do consolo e a do suspiro. A do buraco é a que vai receber o neném: fica bem no buraco porque a mãe fica acima e ela fica abaixo - ela vai aparar o bebê. A da banda é uma parteira que fica encarregada da logística do parto: vai pra lá, vai pra cá - providenciando tudo o que há de necessário. Existe a do suspiro que é a que apóia a mulher por trás - é a função do acompanhante quando a mulher tem um, ou é a função de uma doula ou do fisioterapeuta da nossa equipe, porque sustenta a mulher. E existe a do consolo, que está apoiando a mulher, trazendo um chazinho, ofertando líquidos, abanando e atendendo aos desejos imediatos daquela mulher. Então é um sistema de apoio e é um sistema em que todo mundo trabalha junto.

Um dia no projeto

Marciana - 18 anos de idade
Gestante de 40 semanas e 4 dias

Sobre a Marciana:

Era o primeiro bebê, ela foi admitida no projeto quando estava com 4 cm e, posteriormente, por solicitação dela, foi realizada uma analgesia de parto. Ela evoluiu bem rápido depois da analgesia. Ela estava antes com muita dor, com muitas contrações, porque do plantão passado ela vinha usando ocitocina. E evoluiu bastante rápido, chegou ao período expulsivo e ela optou pelo parto na cadeira de parto.

Foi um período expulsivo relativamente rápido - 35 minutos. Nasceu com o bebê de cócoras. Ele foi colocado imediatamente ao peito da mãe. Ele nasceu com um apgar de 9, em excelentes condições. Ao final, o delivramento também foi fisiológico: a placenta saiu naturalmente. E a gente observou ao final uma laceração. Embora de 2o grau, era uma laceração superficial. Não chegava ao plano muscular mais profundo, ia somente até a face perineal, o plano mais superficial. Como não estava sangrando e nem havia distorção da anatomia importante, se optou por não realizar a sutura. É perfeitamente possível a gente ter lacerações que não necessitam de suturas.

E por quê? Porque quando a gente sutura a gente está isquemiando o tecido. Tem o fio que é um corpo estranho e tem a isquemia tecidual. Isso dá um processo cicatricial mais traumático do que o reparo espontâneo.

Analgesia no Parto
Flávia Orange - Anestesiologista

Uma gestante com muita dor começa a ficar descompensada. A descompensação promove algumas alterações orgânicas, a principal delas é a liberação excessiva de catecolaminas, que são hormônios. Isso faz com que o parto seja ineficaz. As contrações se tornam ineficazes. Aí entra o papel do anestesista, exatamente quando essas outras técnicas - chamadas técnicas não farmacológicas - falham em aliviar a dor do parto. E nós entramos exatamente neste ponto.

Grace - 21 anos de idade
Gestante de 40 semanas e 2 dias

Sobre a Grace:

Foi um trabalho de parto mais arrastado. Quando a gente captou Grace, ela também estava com 4 cm, mas evoluiu, foi para 6, 7 cm. E a partir daí houve um retardo, um discreto retardo na evolução do trabalho de parto. Grace estava com um acompanhante, uma parenta próxima da família, que deu uma ajuda importante. A gente tentou fazer vários métodos para ela relaxar e aliviar a dor, mas houve um momento que ela também solicitou a analgesia. E Grace veio pra cá, ela veio para utilizar a nossa cadeira, mas ela não estava se adaptando bem à cadeira. Ela não estava confortável. Era uma mulher muito grande e não conseguia abrir bem as pernas. A gente notou que estava havendo uma dificuldade, ela já estava em período expulsivo, mas não conseguia, tinha algo travando. Aí a gente achou melhor que ela fosse para a mesa de parto tradicional, porém com uma modificação que a gente utiliza, que é elevar a cabeceira. Como a nossa mesa de parto aqui não permite a elevação da cabeceira, a gente eleva essa cabeceira artificialmente com uma pessoa se posicionando por trás da parturiente de forma que ela fique na mesa de parto, porém semi-sentada. E aí na posição semi-sentada e com orientação, vocalização, exercícios de relaxamento, ela também conseguiu ter parto normal sem lacerações.

Gostaram? Os outros são ainda melhores, aguardem porque amanhã tem mais!

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